
Deficiência auditiva (também conhecida
como hipoacusia ou surdez) é a perda parcial ou total
de audição. Pode ser de nascença ou causada posteriormente por doenças.
No passado, costumava-se achar
que a surdez era acompanhada por algum tipo de déficit de inteligência.
Entretanto, com a inclusão dos surdos no processo educativo, compreendeu-se que eles, em sua
maioria, não tinham a possibilidade de desenvolver a inteligência em virtude dos poucos
estímulos que recebiam e que isto era devido à dificuldade de comunicação entre
surdos e ouvintes. Porém, o desenvolvimento das
diversas línguas de sinais e o
trabalho de ensino das línguas orais
permitiram aos surdos os meios de desenvolvimento de sua inteligência.
Atualmente, a educação
inclusiva é uma realidade em muitos países. Fato ressaltado na Declaração de
Salamanca que culminou com uma nova tendência educacional e
social.
Os
conceitos gerais sobre surdez, classificações, técnicas e métodos de avaliação
da perda auditiva, características dos diversos tipos de surdez, etc., são
fundamentais para compreender as implicações da deficiência auditiva.
Perda
Auditiva e Hipoacusia
O
deficiente auditivo é classificado como surdo, quando sua audição
não é funcional na vida comum e hipoacústico aquele cuja
audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. A
deficiência auditiva pode ser de origem congênita, causada por viroses materna
doenças tóxicas desenvolvidas durante a gravidez ou
adquirida, causada por ingestão de remédios que lesam o nervo auditivo,
exposição a sons impactantes, viroses, predisposição genética, meningite,
etc.
As
hipoacústicas classificam-se em função do grau da perda auditiva, sua ordem e
localização. Quando a lesão se localiza no
ouvido externo ou no médio é denominada como deficiência de transmissão ou
deficiência mista dependendo da intensidade da lesão. Quando se origina no
ouvido e no nervo auditivo é dita deficiência interna ou sensorioneural
(estágio mais agudo da deficiência).
Mas o
conceito de perda auditiva nem sempre é suficientemente claro para a pessoa que
se depara pela primeira vez com o problema da surdez.O grau de perda auditiva é
calculado em função da intensidade necessária para amplificar um som de modo a
que seja percebido pela pessoa surda. Esta amplificação mede-se habitualmente
em decibéis, como já descrito anteriormente.
Para o
caso do ouvido humano, a intensidade padrão
ou de referência correspondem à mínima potência de som que pode ser distinguida
do silêncio, sendo essa intensidade tomada
como 0 dB. Uma pessoa com audição normal pode captar como limiar inferior,
desde -10 dB até + 10 dB. Verifica-se essa progressão se dá de forma
exponencial ou seja multiplicando-a por dez. Logo, pressupõem-se que 10 dB
tenha uma intensidade dez vezes superior a 0 dB e 30 dB são de uma intensidade
cem vezes superior a 10 dB.
Dessa
forma entende-se melhor a grande diferença entre uma pessoa com uma perda de 60
dB, que consideramos hipoacústico, e outro com 100 dB de perda.
Tendo em vista que 60 dB é mais ou menos a intensidade de um grito a 1,5 m de distância. Portanto,
compreendemos que a diferença entre uma perda de 60 dB e 100 dB.Á última sendo
considerada bem mais difícil, para o prognóstico de reabilitação.
Contudo a
medida da perda auditiva não é suficiente para medir o real problema de audição
que uma pessoa apresenta. Faz-se necessário mensurar também qual o espectro de
freqüência que está afetado pela surdez. Considera-se que as perdas auditivas
nas freqüências baixas são mais prejudiciais do que as perdas nas freqüências
altas. "Para compreendermos a causa disto teremos de analisar a relação
entre a freqüência de um som e o tom com que este som se percebe".
(CRYSTAL, 1983).
A
freqüência de um som é medida em ciclos por segundo ou Hertz (Hz).
O ouvido humano percebe sons nas freqüências entre 20Hz e 20.000Hz.
Entretanto
a resposta perceptiva ao estímulo sonoro é denominada tom. Porém não há uma relação
entre a escala de tons e a escala de freqüências. Mas, podemos tomar como
parâmetros a escala de tons. Onde se compara o tom de uma nota musical a
exemplo a nota "lá" que poderá apresentar um grau de entonação
inferior ou superior dentro da mesma nota "lá".
Essa
variação denomina-se uma oitava. "Ora bem, percebe-se como uma oitava
superior a um tom dado, o som, em termos físicos, dobra a freqüência do
primeiro. Desta forma, embora entre 2000 Hz e 4000 Hz haja uma distância física
de freqüência menos do que entre 100Hz e 2000Hz, porém à distância perceptiva
de tons é muito maior". (FRY et. al., 1982).
Comparando
esses valores percebemos que entre 2000Hz e 100 Hz há mais de quatro oitavas,
porque de 2000Hz para 1000Hz há uma oitava, ou seja, a metade da sua
freqüência. Por tanto de 2000Hz para 1000Hz há uma oitava, de 1000Hz para 500Hz
também há uma oitava, de 500Hz a 250Hz há outra e de 250Hz a 125Hz há outra.
Entendemos agora por que as perdas auditivas nas freqüências baixas são de
muito pior prognóstico do que as perdas nas altas freqüências.
Para um
diagnóstico correto de uma surdez é preciso fazer uma exploração audiométrica
do grau de perda por relação com um espectro de freqüência que vá pelo menos de
125 Hz a 4000 Hz, já que são estas as freqüências mais utilizadas na fala
humana.(CASANOVA, 1988).
Outro
problema que deve ser levado em consideração e a relação entre o limiar
auditivo e o limiar doloroso, de forma, a saber, qual o tipo de resíduo
auditivo que poderá ser aproveitado para a reabilitação indivíduo surdo. O
limiar auditivo corresponde ao nível de intensidade necessário para que a
pessoa surda perceba o som e este limiar pode ser diferente em cada freqüência.
O limiar doloroso é o ponto em que a intensidade sonora produz dor à pessoa. A
distância que vai do limiar auditivo ao limiar de dor é o que se chama de
resíduo auditivo utilizável.
O
professor pode suspeitar de casos de deficiência auditiva entre seus alunos
quando observar os seguintes sintomas: Excessiva distração; freqüentes dores de
ouvido ou ouvido purgante; dificuldade de compreensão; intensidade da voz,
inadequada para a situação, muito alta ou baixa ou quando a pronúncia dos sons
é incorreta.
Patologias do ouvido
A
deficiência auditiva pode ser classificada como: deficiência de transmissão –
quando o problema se localiza no ouvido externo ou no ouvido médio; deficiência
mista – quando o problema se localiza no ouvido médio. E deficiência interna ou
sensorioneural – quando se origina no ouvido interno e no nervo auditivo.
As
principais patologias do ouvido
humano são: as ligadas à membrana timpânica, a deficiência de transmissão
sonora no sistema tímpano-ossicular, a rigidez nos ligamentos de suporte
ossicular, a timpanoesclerose, a fixação do martelo, a ausência no reflexo
estapediano, a paralisia do nervo do músculo estribo, a complacência da
membrana timpânica ou a sua rigidez, a lesão retrocloclear e a surdez
psicogênica que é um dos distúrbios psicogênicos.
A
impedância acústica do ouvido médio é um tipo comum de patologia. Pode ser
definida como a resistência que a mesma oferece à energia sonora que penetra no
conduto auditivo externo. E há ainda as patologias ligadas a Trompa de Eustáquio apresentando-se
ou muito aberta ou obstruída e causando sintomas como autofonia e a percepção
sonora darespiração pelo
indivíduo.
Classificações
Classificação por origem da surdez
§ Os portadores de surdez patológica, normalmente
adquirida em idade adulta;
§ E aqueles cuja surdez é um traço fisiológico
distintivo, não implicando, necessariamente, em deficiência neurológica ou
mental; este é o caso da maioria dos surdos congênitos.
Classificação por forma de comunicação
§
Surdos oralizados: aqueles que se
comunicam utilizando a língua oral e/ou escrita.
§
Surdos sinalizados:
aqueles que se comunicam utilizando alguma forma de linguagem gestual.
§
Surdos bilíngues: aqueles
que utilizam ambas as formas de comunicação.
Etiologia
da surdez
As causas
da surdez podem ser dividias em: pré-natais, peri-natais e pós natais. As
causas pré-natais são:
§
Hereditárias (A deficiência auditiva pode ser transmitida geneticamente de
geração em geração, particularmente quando existem casos de surdez na família);
§
Doenças adquiridas pela mãe durante a gravidez, tais como:
§
Rubéola;
§
Sífilis;
§
Toxoplasmose;
§
Citomegalovirus;
§
Herpes;
§
Intoxicações intra-uterinas;
§
Agentes Físicos (como, por exemplo,
os raio-X);
§
Alterações Endócrinas
(Diabetes ou Tiróide);
§
Carências Alimentares.
As causas
peri-natais podem ser:
§
Traumatismos Obstétricos;
§
Anóxia.
As causas
pós-natais podem ser:
§
Doenças infecciosas;
§
Bacterianas
(ex.: meningites, otites, inflamações agudas ou crónicas das fossas
nasais e da naso-faringe);
§
Virais;
§
Intoxicações;
§
Trauma Acústico.
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